5 de outubro de 2010

Quando você passa dois dos últimos três dias andando de robe de seda pela casa, em temperatura que se exige no mínimo um moletom (no meu caso – de friorenta – dois), não há o que contestar: é preciso – urgente – ir à lavanderia. Eu não lavo roupa. Por falta de vontade e talento. A única coisa que lavo são minhas calcinhas porque essas só eu boto as mãos (teoria válida somente para as atividades domésticas, e, não sexuais – que fique claro). Então que, a junção da minha preguiça de ligar para a lavanderia chiquetérrima que tem fila de espera, mas, a falta de vontade deles em atender casos “urgentíssimos” culminou no fatídico caso “robe”. E, mais tarde à lavanderia express do bairro. Diferente, bem que diferente da metida à besta rotineira, a lavanderia do bairro tem umas máquinas antigonas, amareladas, baldes e cadeiras de plástico azul berrante, flores artificiais por todos os lados, e, pasmem, um aparelho televisor de 14 polegadas da época em que minha vó ainda menstruava. Na hora, torci o nariz feito a feiticeira. Depois, o pensamento de consolo: “Se só tem tu, vai tu mesmo”. Nada como roupas cheirosas e quentinhas. Para me atender, um homem simples e simpático que mesmo correndo o risco de sair mais tarde que seu horário habitual, se prontificou – com um sorriso – em resolver o meu problema. A ajudante, uma mulher de uns 35 anos, vinda do norte há pouco tempo, vigiava a máquina que chacoalhava de um lado para o outro. O dono, uns 60 anos, fazia piada o tempo todo com os dois. E uma menina, de uns 10 anos, gordinha e bochechuda, me servia de “santinhos” de chaveiro, salão de beleza, imobiliária, restaurante, loja de doce, pintor, fotógrafo, e, claro, da igreja com uma saudação a Santo Expedito. Uma competente publicitária mirim zelando pelos comerciantes locais. Uma hora e meia depois, entre risadas, histórias estapafúrdias e um pouco de fofoca dos vizinhos, o serviço estava pronto. Roupa lavada, sim. Mas, especialmente, alma lavada! – com o perdão para a frase clichê. Nada de sabão, amanciante, alvejante. Só gente comum, com aquele tipo de ignorância inofensiva, ingênua, deliciosa, que me fez sentir “em casa”. Bem diferente dos atendentes com cara e sentimentos assépticos da lavanderia “modernosa”, que me faz lembrar um hospital. Coisa boa encontrar gente “comum”. Se depender da lavanderia do bairro não andarei mais de seda no frio. E se duvidar, da próxima vez, ainda levo bolo de fubá pra comer com o café quentinho que eles oferecem de forma gentil enquanto conto e escuto algumas verdades e mentiras. Ah sim! Falando em verdades e mentiras, votei. Colei minha listinha num post-it do lado da mesa de trabalho porque – claro – vou passar quatro anos me “comunicando” com os meus “eleitos”. Sim, sou daquele tipinho que manda email enchendo a paciência de político (faltou na votação por quê? que projeto é esse meu filho? cadê? cadê cadê?) e cobrando todas as promessas feitas. Que façam por merecer ouuuu minha vingança será maligna (risada malvada). Believe me ninguém merece me “ter” por quatro anos ininterruptos! Para mim é diversão pura! Para eles, certamente, não. beijos, beijos, beijos

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