28 de abril de 2013

GENTE CHIQUE...

GENTE CHIQUE Se existe uma coisa que admiro e tento (inutilmente) imitar é: gente chique. Gente chique não manda ninguém tomar nos orifícios - que é uma coisa muito rude e primitiva. Gente chique fica na sua, como se estivesse em um trono sob câmeras e holofotes. Só que algumas vezes a pressão é tão grande e o aborrecimento tão avassalador, que é lógico: temos que extravasar nossa contrariedade e colocar ordem no barraco recinto. É aí que entra a simpática figura do coquinho rolando pelo gramado do palácio, seguida de um bobão correndo atrás, mostrando os fundilhos encardidos e sendo caçoado pela criadagem. Eu explico: "Vá catar coquinho" é a maneira mais simpática que conheço de chutar o balde sem perder a compostura. A expressão tem a dose certa de humor que desarma o ser xingado. Desarma porque a intenção era aborrecer, mas você está se divertindo com ele, que se pretende grave. Se ele queria te tirar do sério e você retruca com algo rápido, leve e desinteressado: - "Você é tão reles mas tão reles que não inspira ofensas muito sérias ou aviltantes. Sua figura está mais para bobo da corte do que vilão palaciano. Então vá catar coquinho!" - "Se eu apreciasse amenidades, riria da sua figura. Mas como você não chega a tanto, só me resta expressar meu apreço pela sua ausência. Por favor, vá catar coquinho no despenhadeiro lá da esquina." - "Uma morte sangrenta é romântica demais para direcioná-la a você. Sua figura não cabe em dramas, mas em comédias. Não dá nem para eu me aborrecer a contento. Vá catar coquinho." Quando você ordena que alguém cate cocos pequenininhos, acredite: você imediatamente ganha estatura. É imediatamente catapultado do chão à nuvem mais próxima. Você de um lado, os coquinhos do outro: quem tem aspecto mais imponente? Você! E a imagem do seu oponente retirando-se envergonhado, confuso, com o rabo entre as pernas e uma cesta na mão indo atrás coquinhos... Não é delicioso? (CRISTINA FARAON)

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